18 de julho de 2013

Audiência Pública da CNV em Porto Alegre

Veja os vídeos da Audiência Pública da CNV em Porto Alegre no canal Youtube da Comissão da Verdade. Ali estão postados os vídeos de todos os 14 ex-presos políticos que depuseram à CNV. Entre eles está Calino Pacheco Filho (foto). Calino militou no movimento estudantil, juntamente com os ex-alunos do Julinho que formaram o grupo dos Brancaleones. Também foi membro da VAR-Palmares, preso e torturado em 1970, e atualmente integra o Comitê Popular Memória, Verdade e Justiça do Rio Grande do Sul.
Outra depoente é Suzana Keniger Lisboa, ex-aluna do Julinho, viúva do também ex-aluno Luiz Eurico Tejera Lisbôa, morto em São Paulo em 1972. Suzana participou da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e é membro do Comitê Carlos de Ré.


17 de julho de 2013

Professora Eugênia Grimberg


A professora Eugênia Grimberg graduou-se em Geografia e História em dezembro de 1945, e já no início de 1946 foi nomeada professora de história no Julinho, assumindo as turmas de 1ª, 2ª e 3ª séries do colegial noturno.

Ao entrar na escola enfrentou resistência de professores antigos, motivados por preconceito contra professoras oriundas dos cursos de licenciatura da faculdade de filosofia, pois até então predominavam formados em outras áreas, sem formação pedagógica, como engenheiros, médicos, farmacêuticos e advogados, que muitas vezes lecionavam disciplinas para as quais não tinham formação. Em seu relato, a professora Eugênia afirma que os alunos do Julinho não se destacavam apenas pelo seu desempenho escolar, mas também por um alto grau de politização e ativismo.

Após o golpe militar de 1º de abril de 1964, a imprensa passou a denunciar professores supostamente subversivos, que deveriam ser punidos e banidos das escolas. A professora Eugênia foi denunciada por colegas do Julinho, e demitida com base no Ato Institucional n. 1 (AI-1), de 9 de abril. Estas são as "acusações" que constam na denúncia da Comissão Estadual de Investigação:
1.   Elemento de ideias esquerdizantes e por cuja divulgação se empenhou, inclusive através de recomendação de livros didáticos de autores de reconhecida posição esquerdista.
2.   Aplaudiu a proposição de solidariedade a Cuba, realizada em frente ao Colégio Júlio de Castilhos.
3.   Concitou o comparecimento ao Comício do Largo da Prefeitura de 1º-4-64, de apoio à resistência armada contra a Revolução Democrática.
4.   Após a vitória deste movimento, afirmou em aula, no Colégio Júlio de Castilhos que a vitória agora havia sido dos gorilas, mas que, no futuro, as forças populares reagiriam e se tornariam vitoriosas.
Fonte: GRIMBERG, Eugênia, Noventa anos do Colégio Júlio de Castilhos. In: LIMA, Otávio Rojas (org.), Memórias do "Julinho". Porto Alegre: ed. Sagra, 1990.

15 de julho de 2013

Professor Décio Nunes Floriano


Décio Nunes Floriano exerceu militância política desde cedo, tendo participado da campanha pela entrada do Brasil na Segunda Guerra, contra os países do Eixo, e mais tarde do Movimento Mundial pela Paz. Militou na UNE, e enquanto estudava na Faculdade de Filosofia, atuou como professor no Curso Gratuito Franklin Delano Roosevelt, criado por iniciativa dos alunos da universidade para preparar alunos maiores de 18 anos para exames de conclusão do ginásio e do colégio. Bacharel em matemática e física, e lecionou no Instituto Porto Alegre (IPA) e no Colégio Sinodal, em São Leopoldo.
 
Décio ingressou no magistério estadual através de concurso público durante a gestão do governador Ernesto Dornelles. Em abril de 1951 foi nomeado professor de física no Julinho. Por suas opiniões políticas, aproximou-se do historiador e militante comunista Jacob Gorender. Durante o governo de João Goulart, manifestou-se favorável às reformas de base anunciadas.

No dia 13 de março de 1964 os professores do estado realizaram uma assembleia geral, onde se decidiram por uma greve, exigindo a implementação do pagamento dos salários de janeiro e fevereiro, que os professores não recebiam. O professor Décio foi uma das lideranças nesta greve, que foi vitoriosa, passando os professores a ter férias remuneradas.

Poucos dias após o golpe militar, no dia 9 de abril de 1964, foi decretado o Ato Institucional nº 1 (AI-1), com base no qual o professor Décio Floriano foi demitido sob a acusação de “atentar contra o regime democrático e a segurança nacional”. No mesmo ano, todas as turmas que se formavam na escola, tanto no ginásio quanto no colegial, o homenagearam escolhendo-o como paraninfo. Em função disso, a cerimônia de formatura foi cancelada.

No documento da denúncia, da Comissão Estadual de Investigação, constam as seguintes “acusações”:
1.   Comunista militante. Tendo participado de movimentos comunistas desde 1945 e das frentes legais deste, como a “Aliança Pela Paz”.
2.   Promotor de movimentos subversivos, como a greve ilegal do Magistério, em 1964.
3.   Elemento ligado ao líder comunista Jacob Gorender.
4.   Partidário da “Frente de Mobilização Popular Pelas Reformas de Base”.
5.   Reagiu contra a Revolução Democrática de 31 de março, inclusive incitando comparecimento ao comício do Largo da Prefeitura, do dia 1º de abril.
As demissões com base nos Atos Institucionais da ditadura civil-militar foram anuladas, no estado, em outubro de 1986.

Fonte: FLORIANO, Décio, Depoimento. In: LIMA, Otávio Rojas (org.), Memórias do "Julinho". Porto Alegre: ed. Sagra, 1990.

14 de julho de 2013

Seminário na ONU - Um ano de CNV


Estão disponíveis, no canal da CNV no Youtube, os vídeos do Seminário realizado na ONU sobre o primeiro ano de trabalho da Comissão.


6 de julho de 2013

CNV recomenda desmilitarização das polícias


Os relatos de violência e de abuso de autoridade cometidos por policiais militares nas recentes manifestações, em todo o país, fez com que o tema da desmilitarização das polícias, que já vinha sendo analisado pela Comissão Nacional da Verdade, ganhasse destaque.
Em seu relatório final, a CNV irá recomendar mudanças nas estruturas das forças policiais militares, com o objetivo de torna-las menos militarizadas e mais adaptadas ao regime democrático e ao exercício da cidadania.
A coordenadora da comissão, Rosa Cardoso, destaca que o tema da desmilitarização é debatido desde o final da ditadura civil-militar, mas nessas quase três décadas não ocorreram avanços importantes. Sem essas mudanças as polícias militares se tornam cada vez mais inadequadas e despreparadas frente às manifestações democráticas.

Arqueologia e antropologia forense


A Ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, assinou a Portaria nº 764 (28/06/2013), publicada no Diário Oficial da União no dia três de julho, determinando a criação do Grupo de Arqueologia e Antropologia Forense, destinado a assessorar os trabalhos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos na localização e identificação de restos mortais das vítimas.

* Link para a notícia no blog do NuPHA.