31 de maio de 2013

"Aquele tempo do Julinho"



Zé – Aquele tempo do Julinho
(Nelson Coelho de Castro)

Aquele tempo do Julinho, né?
Eu jamais vou me esquecer.
Eu pensei que era um filme.
Eu jamais irei me ver.
Eu tenho um picho pra cair.
Eu tava afim dum futebol.
Eu voltava a pé do centro.
Tu tá ficando é pirol.
Vamos lá na mesma boca.
Pra mim o tempo não passou.
Eu não me lembro mais de nada.
Mas foi aqui que começou.
Vamos armar uma jogada, né?
Vamos virar o mundo então.
A saudade nos matou de vez.
E engordou meu coração.
Olha ai vou dar uma banda.
A gente espera por aqui.
Eu vou transar um lance agora.
De repente eu volto aí.
Mas a vida continua.
Eu não me lembro que sonhei.
De paixão eu morro sempre.
E eu sempre me enganei.
Já tamo até acostumados, né?
Com as línguas do país.
É muito trolha na jogada, né?
Ainda penso em ser feliz.
Mas como o Zé tá demorando.
Minha cabeça vai doer.
Olha ai tão escutando.
Tem um thriller pra se ver.
Tá baixando o pau na esquina.
E são dez pra cacetear.
Tão demolindo aquele cara.
Vamos assistir assassinar.
Olha lá que é o Zé meu deus.
E ele já nem grita mais.
E nós tamos aqui parados, né?
E esse choro pelo gás.
E tá pintando aquele medo.
Vamos nós fazer o que?
Tá subindo aquela raiva.
Dá obriga por correr.

Adeus pavor, vamos brigar.
Até o fim, até se dar.
Adeus pavor, vamos brigar.
Até o fim, até se dar.
Vamos la, vamos nós,
o desespero ainda resta bonito, Zé,
Vamos brigar vazando fel.
Vamos brigar com a raiva toda Zé.
Fica olhando aí do céu...
Aquele tempo do Julinho, né?
Eu jamais vou me esquecer.
Eu pensei que era um filme.
Eu jamais irei me ver

22 de maio de 2013

Vídeo: A voz das vítimas

A Voz das Vítimas é um vídeo produzido pela Coordenação de Comunicação e Imprensa da CNV que resume, com depoimentos de vítimas e testemunhas da repressão, a história das audiências públicas realizadas pela CNV pelo Brasil, neste primeiro ano de trabalho.

Balanço de um ano da CNV


Ontem a Comissão Nacional da Verdade divulgou o balanço de um ano de trabalho.
A CNV realizou 15 audiências públicas em nove unidades da federação e percorreu todas as cinco regiões do país. Nesse período, a Comissão colheu 268 depoimentos (de vítimas, testemunhas e agentes da repressão da ditadura civil-militar de 64-85), sendo 207 de vítimas e testemunhas de graves violações de direitos humanos. Desses depoimentos, 59 foram reservados e 148 nas audiências públicas. Foram colhidos 37 depoimentos de pessoas diretamente ligadas ou envolvidas com o aparato de repressão.
Foi apresentado também o resultado parcial de pesquisa coordenada pela professora da UFMG e assessora da CNV Heloísa Starling, que indica que a Marinha sonegou ao governo Itamar Franco informações sobre mortos e desaparecidos.


20 de maio de 2013

A lista de presos


Alguns dias depois do golpe, começaram as perseguições! Começando com a prisão dos apoiadores do governo deposto (de João Goulart) em lugares como quarteis e delegacias!
Com base no Ato Institucional, diversos deputados gaúchos perderam seus mandatos, e alguns presos logo depois. Os ataques se concentravam principalmente no partido deposto (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro).
No mês de Abril foi publicada a lista de presos!

Fonte da imagem: RODEGHERO, Carla, GUAZZELLI, Dante, e DIENSTMAN, Gabriel, Não Calo, Grito - Memória visual da ditadura civil - militar no Rio Grande do Sul.

Castello Branco


Castello Branco, o primeiro presidente do Golpe Militar de 1964, visita Porto Alegre para “comemorar” sua “eleição” (fotografia do acervo do Museu de Comunicação Hipólito José da Costa).

Fonte: RODEGHERO, Carla, GUAZZELLI, Dante, e DIENSTMAN, Gabriel, Não Calo, Grito - Memória visual da ditadura civil - militar no Rio Grande do Sul.

Jango e o Exilio



Houve muita resistência popular na implantação do Golpe Militar! Grande parcela da população estava contra, obviamente!
Do dia 1º para o dia 2 de abril, Jango veio até Porto Alegre e recebeu apoio de seus partidários. Ele havia chegado em Porto Alegre decidido a não “derramar sangue”.

No final da manhã do dia 2, Jango viajou para São Borja e de lá, partiu para o Uruguai.  Ele não voltou com vida ao Brasil.

Fonte da imagem: RODEGHERO, Carla, GUAZZELLI, Dante, e DIENSTMAN, Gabriel, Não Calo, Grito - Memória visual da ditadura civil - militar no Rio Grande do Sul.

19 de maio de 2013

Professores demitidos após o golpe


Pouco depois do golpe militar de 1º de abril de 1964, no dia 9 de abril, o governo decretava o primeiro Ato Institucional (AI). O AI-1 dava ao governo militar o poder de alterar a Constituição, além de caçar os mandatos e suspender os direitos políticos dos membros do legislativo, e aposentar ou colocar em disponibilidade pessoas acusadas de terem atentado contra a "segurança do país" e o “regime democrático”.

Com base neste ato, dois professores do Colégio Estadual Júlio de Castilhos foram afastados após denúncias de colegas, sob a acusação de ”atentar contra o regime democrático e a segurança nacional”: Décio Nunes Floriano e Eugênia Grimberg. Ambos são frequentemente lembrados em relatos de ex-alunos, sendo descritos como ótimos professores. Pesou contra eles o fato de manifestarem um visão crítica da sociedade, com opiniões políticas consideradas nacionalistas ou esquerdistas, e terem participado, no dia 1º de abril, de uma manifestação pública contra o golpe, ocorrida em frente à prefeitura.

Em 21 de outubro de 1969 foi decretado o Ato Complementar de nº 75 que, fundamentado nos Atos Institucionais, determinou que professores, funcionários ou empregados de estabelecimentos de ensino público, que tivessem sofrido sanções fundamentadas em Atos Institucionais, ficavam proibidos de exercer a qualquer título, cargo, função, emprego, ou atividades em estabelecimentos de ensino e em fundações criadas ou subvencionadas pelos poderes públicos, tanto da União como dos estados e municípios, Distrito Federal e territórios, bem como em instituições de ensino e pesquisa e organizações de interesse da segurança nacional. Desta forma, professores de escolas públicas que discordassem do regime não só eram demitidos, como ficavam impedidos de exercer sua profissão. No Rio Grande do Sul, a anulação dos decretos fundamentados no AI-1 só foi assinada em 21 de outubro de 1986, pelo procurador do Estado Defrancesco Gallichio.

A professora Eugênia Grimberg relata os acontecimentos que se seguiram ao golpe e que resultaram na sua demissão:
A imprensa falada, escrita e televisada não cessava de apontar professores que precisavam ser punidos.
O Júlio, segundo a imprensa, era um dos maiores centros de subversão, por isso, deviam alguns de seus professores ser punidos.
Os que se beneficiaram com o golpe não tiveram escrúpulos em apontar colegas que se destacavam no colégio como responsáveis pelos atos que praticaram.
Os escolhidos foram a profª Eugênia Grimberg e o prof. Décio Floriano, punidos com fundamento no Ato Institucional nº 1, de 09 de abril de 1964, com apoio nas acusações que, em separata, acompanham este “dedurismo” de alguns colegas.
A sociedade que perdoe os que diante dos poderosos não tiveram a dignidade de se comportar com altivez.

Fonte: FLORIANO, Décio, Depoimento; e GRIMBERG, Eugênia, Noventa anos do Colégio Júlio de Castilhos. In: LIMA, Otávio Rojas (org.), Memórias do "Julinho". Porto Alegre: ed. Sagra, 1990.

16 de maio de 2013

“Para que não se esqueça, para que nunca mais aconteça” *

Professores do Julinho participam de Aula Magna na UFRGS
 
      Na manhã de terça–feira, 07 de maio, nós, organizadores do projeto, Bárbara, Sérgio e Themis, tivemos o prazer, juntamente com a aluna Mariana, da turma 21L, de participarmos da aula Magna 2013/1, da UFRGS, que contou com a presença do Reitor da Universidade, Carlos Alexandre Netto, e representantes do Governo do Estado. A aula, proferida por Claudio Lemos Fonteles, primeiro Coordenador, e atual membro da Comissão Nacional da Verdade, abordou o tema “Comissão da Verdade”.
      Na ocasião, tivemos a oportunidade de encaminhar à mesa, coordenada pelo Reitor da Universidade, a informação de que o Julinho já desenvolve projeto sobre o tema. Com o nome de Ditadura Militar, Movimento Estudantil no Julinho e Comissão da Verdade, o projeto (motivo deste Blog) abrange trabalho de pesquisa sobre o movimento estudantil ocorrido durante o período da ditadura, que contou com a participação de estudantes do Julinho, através de um Grêmio Estudantil bem atuante na época. O trabalho destaca, mais especificamente, o envolvimento de três ex-alunos, que acabaram sendo vítimas da Ditadura - Luiz Eurico Lisboa, assassinado em São Paulo, em 1972, Nilton Rosa da Silva, morto no Chile, em 1973 e Jorge Alberto Basso, desaparecido na Argentina, em 1976.
        Para nossa satisfação, destacamos que, diante da informação repassada pelo Reitor e pela manifestação de aprovação do palestrante, a iniciativa do projeto do Julinho foi muito aplaudida por todos os presentes.

(*) Frase proferida por Claudio Fonteles.

12 de maio de 2013

Nova campanha da CNV

"Houve uma época no Brasil em que era proibido discordar. E, por muitas vezes, direitos humanos foram violados. A Comissão da Verdade existe para completar as peças e esclarecer o que aconteceu, no período de 1946 a 1988. Se você tem alguma informação ou registro sobre essa época, contribua. Não é preciso se identificar. Comissão Nacional da Verdade. Para que nossa história se complete, de verdade.
Veja o vídeo da nova campanha da Comissão da Verdade, que convida a todos a contribuírem com a CNV enviando documentos e informações sobre graves violações de direitos humanos ocorridas no período de 1946 a 1988. A narração é de Marieta Severo. A atriz se voluntariou para colaborar com a campanha, e não foi remunerada."


10 de maio de 2013

Textos de Claudio Fonteles

Textos de Claudio Fonteles, membro e primeiro coordenador da Comissão Nacional da Verdade, a respeito da Ditadura Militar e sobre a documentação analisada pela comissão.

Leia aqui os artigos.

Depoimento de Carlos Ustra e Marival Chaves

Hoje ocorreu a tomada pública de depoimento dos agentes da repressão Marival Chaves Dias do Canto e Carlos Alberto Brilhante Ustra.
O coronel reformado Carlos Ustra comandou, entre 1970 e 1974, o DOI-CODI do II Exército (SP). Em 2008 foi o primeiro militar a ter reconhecida, pela Justiça, a atuação como torturador.
O ex-sargento Marival Chaves era servidor no DOI-CODI entre 1973 e 1974. Em seu depoimento confirmou a prática da tortura no local durante a gestão de Ustra, e revelou que corpos de pessoas torturadas e assassinadas eram expostos como troféus. Também relatou que os agentes tinham aulas sobre como utilzar os instrumentos de tortura, e criavam histórias falsas para justificar as mortes.

Assista aqui o vídeo com os depoimentos.

8 de maio de 2013

Revista Punto Final homenageia Nilton Rosa (1973)

Punto Final era uma revista chilena de discussão política, com uma linha editorial de esquerda. Foi fundada em setembro de 1965, e em setembro de 1973 foi fechada pela recém instalada ditadura do general Pinochet. Foi editada no exílio, no México, entre 1981 e 1986, e voltou a ser publicada no Chile em 1989.
Na sua edição número 187, lançada em 3 de julho de 1973, a revista trazia um artigo homenageando Nilton Rosa da Silva, ex-aluno do Julinho, morto em uma manifestação de rua em defesa do governo Allende, e publicava um de seus poemas.